A IMPORTÂNCIA DAS COMPETÊNCIAS E SABERES DOCENTES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
Atualmente muito se tem falado sobre competências e habilidades, sejam elas a serem construídas no aluno ou ainda, que devam possuir e/ou adquirir o professor, para desenvolver-se continuamente e ter sucesso na sua profissão.
Segundo ROMERO TORRES (2005), competência é o desenvolvimento de uma capacidade que alguém utilizará para resolver um determinado problema e é construída pela troca de conhecimentos entre as pessoas, com base em fundamentos legais e que o ensino por competências deve levar em conta o conhecimento prévio do aluno, que, por sua vez, deve ser verificado através de uma sondagem, para saber quais deverão ser mais ou menos trabalhadas, sendo um referencial para o trabalho do professor.
Sabemos da grande diversidade da formação dos professores e me questiono quanto à qualidade da mesma, afinal são inúmeros os cursos que surgem aqui no Brasil, mas será que quantidade está ligada à qualidade?
Um grande desafio da docência atual é o trabalho com alunos de inclusão, seja qual tipo de inclusão for, sabemos das imensas dificuldades do professor em se trabalhar com alunos de inclusão, seja devido à falta de estrutura ou principalmente a uma formação inadequada tanto inicial como continuada, CARVALHO (2004) nos diz que é importante romper as barreiras como: uma má formação docente e a sua falta de preparo, a falta de recursos adaptados para se trabalhar com portadores de necessidades especiais. Apesar das imensas dificuldades citadas é fácil trabalhar com a inclusão? Por que não se prepara o professor para a realidade da sala de aula? Será que o ensino por competências auxilia no trabalho com alunos de inclusão?
A inclusão escolar é um tema que vem sendo muito tratado nos dias atuais e nos faz refletir e analisar sobre a situação da educação brasileira em relação ao assunto, afinal será que os atores escolares estão preparados para conviver com as diferenças?
VYGOTSKY (1984) nos fala sobre a formação da mente e diz que é importante que os resultados de qualquer verificação, seja pela abordagem teórica ou pela experimentação devem levar em conta fatores qualitativos e quantitativos. Mas, será que é fácil trabalhar com seres humanos, sujeitos que como diz MORIN (2000) são tão complexos!? Que atitudes deve tomar o professor? Afinal, vemos a cada dia mais cobranças e pouco apoio técnico, porém, será que podemos fazer algo?
Entre os alunos considerados de inclusão, temos aqueles que possuem altas habilidades, habilidades estas que são pouco percebidas pela maioria dos educadores e muitas vezes acabam por não serem trabalhadas adequadamente, talvez, pela própria formação que o mesmo teve. Assim, surgem perguntas como: O que fazer com esses alunos? Porque esse aluno é tão habilidoso para isso e não vai tão bem naquilo? Será que estou preparado para trabalhar com um aluno superdotado?
Na E. E. Profª. Ezilda Nascimento Franco, tenho observado alunos com altas habilidades, principalmente na área artística e no 2º ano do Ensino Fundamental, mas vejo que nada ou quase nada tem sido feito, seja internamente ou externamente – devido a diversos fatores, como a estrutura da escola, e penso em quantos talentos podem estar sendo desperdiçados, sem que se faça ou tente fazer algo, diante disso, penso: Qual deve ser a postura do professor? Que competências e habilidades ele deve dispor para trabalhar com esses alunos?
A condição humana e a diversidade cultural devem ser o centro da educação do futuro, implicando na revisão da nossa posição no mundo, sendo importante aprender a SER, VIVER JUNTOS, FAZER e CONHECER como seres humanos do planeta terra.
As condições da docência exigem muito do professorado em termos de responsabilidade e trabalho diário e, em troca, oferecem pouco tempo para a elaboração, para a discussão construtiva, para a reflexão ou em relação a compensações reais e tempo para reposição, mas segundo FULLAN, infelizmente, a formação do professorado não os prepara para as realidades da educação e nem podemos esperar que o faça devido às constantes modificações nos sistemas de ensino, além disso, eles dificilmente recebem ajuda dos seus superiores.
Segundo TEJADA, o conhecimento profissional se origina na própria prática profissional e vai se desenvolvendo com a interação entre os colegas de trabalho, com a reflexão sobre a prática, etc. O desenvolvimento profissional tem a ver com processos de melhora de conhecimento, destrezas e/ou atitudes dos professores, sendo a formação (inicial ou contínua), um elemento fundamental para esse desenvolvimento, ele cita Marcelo que diz que esse processo envolve os seguintes fatores: desenvolvimento pedagógico, profissional, teórico, cognitivo, da carreira e também, o conhecimento e a compreensão de si mesmo. Esses fatores auxiliarão o professor na colaboração da aprendizagem dos alunos quanto à formação de um cidadão crítico.
Os estudos sobre o pensamento do professor se apóiam nas novas imagens do professor e das práticas escolares, influindo nas idéias de formação que ficam entre a formação de um profissional técnico ou prático-reflexivo. Assim, FELDMAN nos fala da importância da reflexão sobre a prática para um constante aprimoramento profissional.
Segundo SÁNCHEZ SEGURA (2005), o ensino por competências faz a ligação entre teoria e prática e busca tornar o indivíduo mais preparado pra resolver problemas, procurando torná-lo um cidadão capaz de desenvolver habilidades para refletir, decidir e colaborar, buscando a formação de um sujeito ativo e participativo.
Para MORENO BAYARDO (2005), ensinar por competências é algo complexo e envolve capacidade, habilidade, aptidões e um bom desempenho, preocupando-se no desenvolvimento constante dos alunos, buscando gerar-lhes autonomia em relação aos estudos. Dessa forma, os alunos adquirirão capacidade de aplicar os conhecimentos e de articulá-los com os seus valores e atitudes. Entre essas competências citadas por diversos autores, MORIN (2000) nos cita sete saberes, que segundo ele são necessários para o professor do século XXI:
1º Saber – O Erro e a Ilusão – As Cegueiras do Conhecimento – A educação deve mostrar que não existe conhecimento que não esteja ameaçado pelos riscos de erros e ilusões.
Os idealismos podem contribuir para um erro que não seja construtivo, afinal, também se aprende com os erros e a melhor forma de se evitar erros é utilizando a racionalidade.
2º Saber – Os princípios do conhecimento pertinente – A fragmentação dos conteúdos em disciplinas é um mal e seria importante haver uma ligação entre elas, afinal o ser humano é um ser complexo, mas é apenas um, portanto, as matérias devem ser trabalhadas juntas, contextualizadas, facilitando assim o seu entendimento por parte dos alunos.
3º Saber – Ensinar a condição humana – Como citamos acima, é importante se integrar as disciplinas da mesma área de estudo.
4º Saber – Ensinar a condição terrena – Atualmente, as informações se propagam com grande velocidade e as pessoas estão ligadas, independentemente da sua pátria, passando a ser consideradas cidadãs do planeta Terra, aprendendo a respeitar os diferentes povos e suas respectivas culturas.
5º Saber – Enfrentar as incertezas – A educação do futuro deve voltar-se para as incertezas ligadas ao conhecimento, pois, existem os princípios da incerteza. Portanto para estar preparado para enfrentá-las é necessário fé e estratégias, ou seja, é necessário estar armado de conhecimentos.
6º Saber – Ensinar a compreensão – A educação para a compreensão está ausente no ensino e não é garantida pela comunicação, Para se compreender o que se passa na cabeça de alguém, bem como o que ela sente, é importante se colocar no lugar dela e entender as diferenças entre as diferentes culturas, não se preocupando em impor a sua cultura sobre a de outros povos, mas respeitando-as e exigindo respeito para com a sua, para que assim, vivamos em um mundo mais pacífico.
7º Saber – Ética do Gênero Humano – A educação deve mostrar e ilustrar o destino multifacetado do homem, ou seja, mostrar que embora todos tenham pensamentos e maneiras de viver diferentes, todos pertencem à raça humana, portanto, devem se respeitar mutuamente.
Assim, com base nos autores citados, temos a idéia que o professor do século XXI deve ter competências para ensinar não somente os seus conteúdos, mas para preparar os alunos para a vida cidadã, refletindo constantemente sobre a sua prática e moldando-a com o decorrer do tempo, afinal, não há pessoas que detenham todo o saber e o professor deve ter noção de que é preciso ir sempre à busca de novos conhecimentos, afinal, a cada dia os desafios na sala de aula são maiores e a formação docente deixa muito a desejar sendo o professor, a maior vítima desse despreparo, que se deve a não formação por competências nas universidades, além de não ter conhecimento sobre a educação inclusiva, que às vezes nem é citada, indo de encontro ao que fala DAVÍNI (1995) quando nos diz que ainda há muito para se fazer, tendo em vista que é preciso haver uma grande integração entre teoria e prática por parte das universidades e centro formadores para que possam preparar o professor para a realidade da sala de aula, pois, segundo ele, elas devem desenvolver uma pedagogia centrada no estudo da prática e do exercício docente com base numa ação reflexiva, sendo um caminho para o exercício racional da prática docente pela escolha dos melhores meios para se atingir determinados fins.
Educar para a diversidade é ensinar os indivíduos a conviverem com as diferenças entre as pessoas e a educação inclusiva tem esse papel e como diz MANTOAN (2003), a inclusão deve ser trabalhada de todos os lados, visando à preparação não só dos portadores de necessidades especiais, mas também das pessoas que irão acolhê-las, sendo fornecidas condições físicas, sociais e estruturais para que ela ocorra. Assim, temos a visão de que todos precisam aprender a conviver com as diferenças, respeitando cada um do que jeito que é, seja a pessoa portadora de deficiência visual, auditiva, física ou de altamente habilidosa.
Um dos grandes papéis da escola atualmente é de se formar para a vida cidadã e para o convívio com as diferenças. Muitas pessoas acreditam que um aluno com necessidades especiais não deve freqüentar uma sala regular, mas uma sala especial, pois entendem que já são muitos os problemas pelos quais o professor passa todos os dias. Diante desse preconceito, pergunto: Será esse o papel da escola especial? Já não basta a heterogeneidade na qual o professor tem que trabalhar?
Entendo que a inclusão é importante, porém muitos veem a educação inclusiva como algo “legal” não se preocupando com as suas bases, isso se deve ao pouco investimento na formação do professorado e na estrutura escolar, fazendo com que pensemos se há realmente uma inclusão com a integração desses alunos às situações da sala de aula ou se simplesmente eles são jogados ali, sem terem suas reais necessidades educacionais atendidas. Segundo CARVALHO (2004) o aluno com necessidades especiais não deve apenas ser jogado no meio dos demais, mas é necessário que se forneça uma estrutura para que o mesmo desenvolva a sua aprendizagem com os recursos necessários para a mesma e que se invista na formação continuada dos professores.
Entre as diversas necessidades especiais, as altas habilidades formam um item pouco comentado nas escolas e até mesmo por quem trabalha com educação especial, com isso muitos alunos talentosos, acabam se sentindo desmotivados em realizar algo, por já o saberem fazer e pela escola não fornecer estímulos para o seu desenvolvimento, uma vez que raramente se é realizado um diagnóstico sobre isso. Além disso, como supracitado, a formação do professor, por ser deficitária, acaba dificultando a identificação de alunos com altas habilidades.
A superdotação é caracterizada pelas altas habilidades que uma pessoa possui para realizar algo, nas mais diversas áreas, como por exemplo, artística, psicomotora, acadêmica, etc.
Quando se fala em pessoas superdotadas, logo nos vêm à mente, grandes gênios como Albert Einstein, Mozart, Isaac Newton e Leonardo da Vinci que se destacaram por sua criatividade, motivação e habilidade acima da média, três traços característicos para identificarmos pessoas superdotadas, porém cabe ressaltar que nem sempre a criança apresenta este conjunto de traços desenvolvidos igualmente, mas, se lhe forem dadas oportunidades, poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu potencial.
É importante que a criança superdotada tenha os seus talentos incentivados e que os mesmos sejam trabalhados por um educador, porém, o mesmo deve estar inserido na educação regular, pois, o sentimento de sentir-se diferente pode causar um sentimento de angústia, além de poder afastá-lo dos demais, que se não tiverem trabalhados conceitos de educação inclusiva também podem se afastar dos superdotados por achá-los diferentes.
Pelo senso popular uma criança com altas habilidades é uma criança considerada precoce (que está além da sua idade na realização de algo) ou prodígio (que tem alta capacidade para realizar determinada atividade nas mais variadas áreas).
Pelo senso científico, as pessoas com altas habilidades apresentam todos ou alguns dos seguintes traços: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para Artes e capacidade psicomotora.
Entre alguns traços que as pessoas com altas habilidades apresentam para a sua identificação por parte dos educadores temos: perfeccionismo, perceptividade, necessidade de entender, necessidade de estimulação mental, necessidade de precisão e exatidão, senso de humor (tem sido observado por muitos pesquisadores que um aluno com altas habilidades compreende várias formas de humor a um nível mais sofisticado que os demais da sua idade), sensibilidade/empatia, intensidade, perseverança, autoconsciência, não-conformidade, questionamento da autoridade e introversão. Estes traços auxiliam o professor a diagnosticar alunos superdotados e o leva a um direcionamento em relação a um trabalho que atenda as necessidades educacionais dos mesmos.
No mundo inteiro, a educação busca a construção de valores e a educação por competências vem contribuir para isso. A expressão educação de qualidade é entendida como algo presente ou ausente no sistema educacional, porém, é importante que se verifiquem os diversos níveis qualitativos, que vai da ausência da mesma até um nível considerado ótimo. O que seria uma educação de qualidade? Uma educação de qualidade é uma forma de se gerir a educação de uma maneira que busque a melhoria contínua, levando em conta as necessidades e os interesses do aluno, administrando os recursos disponíveis e respeitando a diversidade cultural.
Segundo NUÑEZ (2005), hoje, a educação vive um processo de constantes mudanças como a mudança da estrutura familiar, as tecnologias, o foco do ensino, e, o professor deve estar preparado para essas mudanças, buscando mostrar ao aluno a importância de se qualificar, mas, sem se esquecer de mostrar a ele a importância de se conviver com os demais respeitando as diferenças entre as pessoas e respeitando o meio em que vive para a preservação da espécie humana, buscando uma formação cidadã, crítica e consciente de seus direitos e deveres, sendo necessário, segundo DE LA TORRE, que se tenha uma visão coerente e clara do cidadão que se quer formar, no caso da educação de professores, a formação de profissionais inovadores e criativos, capazes de transformar seus alunos em cidadãos autônomos e possuir consciência de que metas quer atingir, procurando causar mudanças de impacto na forma de pensar, que não vêm somente com o conhecimento.
Como supracitado, é importante que o professor trabalhe para a inclusão e, embora seja pouco notada, a educação para alunos com altas habilidades é algo de muita importância e o professor deve estar preparado para diagnosticar os alunos com essas necessidades educacionais e, dentro do possível, buscar uma forma de trabalho diferenciada, sem se esquecer da formação humana dos mesmos, afinal, uma pessoa extremamente competente, se não tiver trabalhados valores de compreensão e humanidade, poderá utilizar a sua inteligência para prejuízo da humanidade.
VILLARRUEL (2005) nos diz que habilidade é uma forma de se relacionar com as coisas e surge com a transformação de um determinado conhecimento, oriundo de hábitos, e o aluno deve mostrar qualitativamente aquilo que sabe. Sabemos que trabalhar com a heterogeneidade é algo complexo, porém, seria fundamental buscar formas diferenciadas de se ensinar e avaliar, segundo o grau de desenvolvimento de cada aluno e, para isso, o professor deve traçar metas e estratégias diversificadas para alcançar os resultados planejados, levando a um aprender a ser, a aprender e, sobretudo, a conviver com as diferenças entre as pessoas.
MORENO, P. M. y MARTÍNEZ, G. S. (2005) nos falam sobre a teoria das competências de Gardner que nos leva ao pensamento de que as pessoas têm inteligências diferentes, assim como ritmos de aprendizagem diferentes e afirmam que esses ritmos não são levados em consideração pelos professores que acabam por homogeneizar o grupo e que a forma atual como estão sendo trabalhadas as competências nas escolas serão mais maléficas do que benéficas tendo em vista o não respeitar o tempo de aprendizagem de cada aluno, com base nisso, as crianças que possuem altas habilidades, também devem ter uma educação especializada para que possam desenvolver suas habilidades, porém, em paralelo com a educação regular, afinal, não se pode esquecer de levar ao conhecimento do aluno, fatores humanísticos e de integração social.
Diante disso, o professor do século XXI deve analisar a sua prática e buscar um ensino que vá ao encontro das necessidades educacionais dos seus educandos, assim, segundo MEIRIEU (2003), ele – o professor, tem um papel fundamental para a aprendizagem, pois, deve dar sentido ao que está sendo ensinado, estimulando o aluno a aprender, para que a aprendizagem ganhe uma real significação, mas como fazer? É importante que o professor passe a conhecer o universo do aluno e tenha a concepção de que nunca conseguirá agradar a todos, afinal os gostos são diferentes, portanto, o importante é diversificar para atingir, se não todos, a maioria do alunado, os atraindo para si, respeitando os diversos níveis intelectuais e/ou motores dos mesmos.
Para BELLO (2004), cabe ao professor verificar os conhecimentos prévios dos alunos e realizar uma análise da sua didática para que provoque neles uma mudança conceitual, entendendo a forma como eles representam o conhecimento para poder torná-los compatíveis com o conhecimento científico. Além disso, a verificação dos conhecimentos prévios permitirá o direcionamento do professor quanto ao trabalho a ser realizado com cada aluno.
Tenho observado no trabalho docente com alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental que o trabalho homogeneizado leva muitos alunos ao desinteresse, na escola em que trabalho, o rendimento dos alunos em Arte, disciplina que leciono, teve uma grande queda, tanto qualitativamente como quantitativamente, devido aos novos agrupamentos que foram feitos por hipóteses de escrita: pré-silábicos, silábicos e alfabéticos, tendo as turmas de alfabéticos, 56 alunos, cada, o que dificulta muito a avaliação contínua dos alunos e diminui a qualidade da aula, pois não se tem o mesmo tempo para se dedicar a cada aluno. Agora imaginemos uma sala regular, sem essa homogeneização, onde os alunos possuem saberes e habilidades diferentes e muitas vezes têm o trabalho feito de uma forma igual. No caso dos alunos com altas habilidades isso pode gerar desinteresse e ainda um mau comportamento e até indisciplina, com a não realização das atividades.
Durante o primeiro semestre de 2009, observei alunos altamente habilidosos no 2º. Ano do Ensino Fundamental, através de observações realizadas, e isso me chamou a atenção, entre eles selecionei três, dos quais irei citar alguns aspectos comportamentais que indicam a superdotação e competências que o professor deve ter ou utilizar para trabalhar com esses alunos.
O primeiro caso é do aluno Andrew, ele é um aluno com extrema habilidade para desenhar, algo realmente fantástico, além de ser um aluno criativo nessa área, apresentando traços perfeitos e técnicas de pintura superiores a de vários adultos, só de imaginar algo, ele já desenha e, com perfeição, conforme ANEXO 1. Porém, como em muitos casos, ele apresenta sérias dificuldades em outras, como na escrita, onde ele não sabe nem escrever o nome, como pode ser observado no ANEXO 2 e não consegue se relacionar muito com os colegas da mesma idade, diante disso, podemos pensar porque ele tem tanta capacidade artística e não consegue compreender a estrutura da escrita? O que o professor alfabetizador pode fazer para que ele aprenda a escrever o nome? Diante dessas inquietações, um ensino focado para as competências, deve levar o professor a refletir sobre a prática e a buscar uma integração entre as disciplinas de Arte e Português, indo em busca da construção do conhecimento pertinente citado por MORIN (2000), além de enfrentar as incertezas do processo de ensino-aprendizagem e buscar levar o aluno a ter um melhor relacionamento com os demais da sua própria idade, que pode apresentar dificuldades, devido à precocidade do mesmo na área artística.
O segundo caso é do aluno Henrique, diante das atividades propostas em Artes Plásticas, o mesmo apresenta muita criatividade e altas habilidades para desenhar, possuindo também grande capacidade intelectual, aptidão acadêmica específica e capacidade psicomotora. Certo dia, ao solicitar à sala que fizessem um desenho sobre o instrumento musical que ouviram durante a aula, ele chegou até mim e disse que gostaria de desenhar alguém tocando instrumento, aí vemos traços de criatividade, mas, que não conseguia desenhar pessoas, assim, sabendo das habilidades do mesmo, sugeri que ele desenhasse uma banda de animais e para a minha surpresa no outro dia, ele mostrou a sua habilidade e criatividade ao apresentar o desenho de uma banda de ratos, feito por ele. Além disso, outros traços permitiram que eu realizasse a identificação sobre a superdotação do mesmo, como o perfeccionismo, a necessidade de exatidão/precisão e de compreensão das coisas e a introversão. Diferentemente do Andrew, o Henrique apresenta outras aptidões, tanto que ao ingressar no 2º. Ano, ele não sabia ler e escrever e em pouco tempo adquiriu essa habilidade. A pergunta agora é: Como manter esse aluno estimulado? Muito se fala sobre a heterogeneidade e realmente a presenciamos nas salas de aula, portanto diante disso, acredito que a principal tarefa do professor é desafiar este aluno e procurar meios para que ele se desenvolva, além de conscientizá-lo sobre a possibilidade de errar, afinal o erro faz parte da aprendizagem, quanto à socialização, ele é um aluno humildade, que apesar de introvertido, tem um bom relacionamento com os seus colegas de classe.
O terceiro caso é do aluno David, diferentemente de Andrew e Henrique, ele não possui altas habilidades em Arte, mas é um aluno extremamente inteligente, necessita constantemente de estímulos, é perceptivo, questiona a autoridade na busca pelo saber e possui uma capacidade intelectual fantástica, porém, no começo do ano verificamos que o David não queria saber de realizar nada nas aulas de Português e Matemática, mas observava-se que ele sabia tudo, em conversa com a professora alfabetizadora, falei que é difícil para o aluno realizar algo que ele sabe, após várias conversas com o mesmo e com o pai dele, ele passou a registrar o seu conhecimento, porém, embora saiba coisas além da sua idade, ele é um aluno muito preguiçoso, mas apesar disso, gosta de ser instigado e de ir à busca do saber, cabendo ao professor solicitar pesquisas extras para mantê-lo motivado. O David também apresenta traços de perfeccionismo e no caso dele, é importante que ele tenha o professor como um espelho e que não tenha medo de errar, algo que pode prejudicar muito um aluno no seu processo de desenvolvimento, mostrando que o erro faz parte da aprendizagem, mais uma competência que o professor deve ter e como diz MORIN (2000) podem gerar as “Cegueiras do Conhecimento”.
CONCLUSÃO
Hoje vemos que a educação não se preocupa somente com fatores relacionados com as matérias, mas cabe aos professores trabalharem alguns conceitos, como a vida cidadã, a preservação do meio ambiente, o respeito às diferenças entre as pessoas (diversidade), procurando formar cidadãos críticos, que saibam ao mesmo tempo lutar pelos seus direitos, porém, respeitando os direitos dos demais, sendo essa, mais uma das tarefas da escola.
Atualmente, o professor deve ser um profissional dinâmico e que se adeque às situações do dia-a-dia, moldando o seu trabalho de acordo com as necessidades educacionais do seu aluno, buscando alternativas que tornem a aprendizagem interessante e significativa para o mesmo.
O ensino por competências é algo complexo, mas auxilia o professor na formação dos seus alunos e na sua própria formação, pois entre as diversas competências citadas por autores como PERRENOUD, MOURIN e outros, observamos que o professor não deve se sentir dono de todo o saber, mas que deve utilizar até o próprio erro na sua construção, enfrentar as incertezas e buscar a integração dos conteúdos disciplinares, afinal como cita MORIN (2000), o ser humano, embora complexo, é um só. Assim, o ensino por competências auxiliará o professor a enfrentar as dificuldades e as incertezas da sala de aula, afinal, a cada dia surgem novos desafios, como a educação inclusiva.
Infelizmente, como citam alguns autores, pouco se investe na formação dos professores e eles se vêem obrigados a gerir a sua própria formação, devendo correr por conta própria na construção do saber.
Muitos entendem que os alunos com necessidades educacionais especiais devem estudar em escolas especiais, porém, fica provado que é importante que esses alunos freqüentem escolas regulares, afinal, é de extrema importância que não só esses alunos, mas os considerados “normais” possam aprender a conviver com a diversidade, para que se atenda um dos objetivos educacionais da atualidade que é a formação para a cidadania e o professor tem um papel fundamental para isso.
Entre esses alunos portadores de necessidades especiais, temos os alunos com altas habilidades, que merecem uma atenção especial por parte dos professores, que, por sua vez, devem propor um trabalho diferenciado para eles, instigando neles elementos que promovam o desenvolvimento das suas habilidades, devendo também o professor trabalhar para desenvolver o lado emocional deles, mostrando-lhes a importância de utilizar os seus conhecimentos e habilidades para o bem da humanidade e para o seu próprio.
Assim, o professor do século XXI deve buscar uma reflexão constante sobre a sua prática, bem como analisar os conhecimentos prévios dos seus alunos, para que possa direcionar o seu trabalho em relação a cada um deles, respeitando as particularidades de cada um e o ensino por competências auxilia no desenvolvimento de um trabalho de sucesso, onde o saber se torna dialógico e o professor deixa de ser o detentor de todo saber, mas alguém que precisa enfrentar as incertezas e não ter medo de errar, para vencer os desafios, como a educação dos alunos com altas habilidades, onde ele deve saber diagnosticar para fazer pelo menos um encaminhamento e direcionar a aprendizagem do mesmo, trabalhando na elaboração de estratégias na busca de vencê-los.
- ANGUILANO MOLINA, A. M.; VÁZQUEZ, C. P. y JIMÉNEZ, S. E. (2005), “¿Competencias profesionales integrales en la nivelación a la Licenciatura en Trabajo Social de la Universidad de Guadalajara” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- BELLO, S. (2004), “Ideas Previas y Cambio Conceptual” en Aniversario – Educación Química 15, 2004.
- BONILLA PEDROZA, M. X. y LÓPEZ MOTA, A. (2005), “¿Las concepciones de evaluación de los docentes están articuladas com las epistemológicas y de aprendizaje” em Enseñanza de las Ciencias – Número Extra – VII Congresso, Universid Pedagógica Del México, México, 2005.
- BRASIL, Decreto n°. 6571/2008 - Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007.
- DAVÍNI, María C. (1995), La formación docente em cuestión: Política y Pedagogía, Buenos Aires, 2005.
- DE LA TORRE, S., “El profesorado que queremos” en Estrategias Didácticas Innovadoras, Barcelona.
- DÍAZ BARRIGA, A. y INCLÁN ESPINOSA, C. (2001), “El docente en las reformas educativas: Sujeto o ejecutor de proyectos ajenos” en Revista Iberoaméricana de Educación – nº 25, 2001.
- FELDMAN, D., Ayudar a Enseñar.
- FULLAN, M., “El profesorado” en El cambio em la educación em nível local.
- LO PRIORE, I. y RUBIANO E. (2005), “Suscitando vuelos en los niños y niñas. Una experiencia del rol productor-mediador en educación inicial” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- MANTOAN, M. T. E. (2003), Inclusão Escolar, O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo, Moderna, 2003.
- MEIRIEU, P. Aprender, si. Pero ¿como?
- MORENO BAYARDO, M. G. (2005), Educación de calidad y competencias para la vida” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- MORENO, P. M. y MARTÍNEZ, G. S. (2005), “Una mirada reflexiva y crítica al enfoque por competencias” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- MORIN, E. (2000), Os sete saberes necessários para a educação do futuro, São Paulo, Cortez, Brasília, UNESCO, 2000.
- NUÑEZ, V. (2003), “Los nuevos sentidos em la tarea de enseñar más allá de la dicotomia enseñar vs. Asistir” en Revista Iberoaméricana de Educación nº 33, 2003.
- POPE, M., “La investigación sobre el proceso de pensamiento del profesor: uma construcción personal” em Procesos de Enseñanza y Aprendizaje.
- RAMOS DE ROBLES, S. L. (2005), “El desarrollo de las competencias didácticas: un reto en la formación inicial de los futuros docentes de primaria” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- ROMERO TORRES, N. L. (2005), “¿Y qué son las competencias? ¿Quién las construye? ¿Por qué competencias? en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- SÁNCHEZ SEGURA, M. E. (2005), “Cómo “enseñar” competencias en preescolar” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- STAINBECK, S. e STAINBECK, W. (1999), Inclusão – Um guia para educadores, Porto Alegre, Artmed, 1999.
- TEJADA FERNÁNDEZ, J., “Profesionalidad Docente” Estrategias Didácticas Innovadoras”, Barcelona.
- VÁZQUEZ, Y. A. (2005), “La convergencia entre habilidades, actitudes y valores en la construcción de las competencias educativas” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- VILLARUEL, M. P. (2005), “¿Analizadores y propuestas para una educación por competencias como educación para la diversidad” en Educar n°. 24, Jalisco, México, 2005.
- VIRGOLIM, A. M. R.(2007), Altas Habilidades / Superdotação – Encorajando Potenciais, MEC/SEE, Brasília, 2007.
- VYGOTSKY, L.S. (1984), A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984.
Leia mais em: http://www.webartigos.com/articles/31240/1/A-IMPORTANCIA-DAS-COMPETENCIAS-E-SABERES-DOCENTES-PARA-A-EDUCACAO-INCLUSIVA-DE-ALUNOS-COM-ALTAS-HABILIDADESSUPERDOTACAO/pagina1.html#ixzz1VmYntleS